domingo, 6 de maio de 2012

Pretas, brancas e a ausente.


Jogando xadrez sozinho...
Vou ganhar ou perder?
Indiferente... qual o movimento inicial?
O rei não foi ameaçado.
Estou preso em um xeque-mate antes de começar.
Falta a Dama do jogo da minha vida.
Essa peça... essa prece... essa pressa.
Continuo jogando para preencher a espera.

Esta poesia fará parte do livro “Significado”.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Mestre de Cerimônia


O vestido é formal... gestos contidos.
Ela vai começar a falar eu sei.
Estou apenas ouvindo... permito-me sonhar.

Ela fala com convicção... eu fico com dúvidas.
O discurso está escrito no papel...
Ou o curso esta escrito no destino?
O que a vida quer falar?
Isso não está escrito em roteiro algum.

Absurdo... olhos em silencio.
Vejo uma série de surdos sérios.

Eu sei o que eu quero ouvir.
Apenas não posso colocar no texto.
O teste da espera me impede.

Fui convidado para falar.
Ouço aplausos...
Não disse o que realmente queria.
Por isso saio sempre do palco sozinho.

Depois da linha final a resposta aparece.

Não somos mestres.
O melhor é não ter cerimônia e falar.
Somos aprendizes daquilo que os olhos dizem.
Quando não estão sérios.

Esta poesia fará parte do livro “Significado”.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Era uma vez


Quais são as suas chances entre zero e nada?
Chance nunca de uma possibilidade jamais.
Vamos decidir no azar... vou jogar a moeda.
Na queda será que vai dar vergonha na cara ou coroa de espinhos?
A tua não consciência não entende nenhuma dessas faces.
Manchada em meu rosto e pontiaguda na minha mente dói.

Mas e nós?
Não.
Talvez?
Também não.
Por quê?
Não!

Mais uma vez...
Uma vez nós fomos mais.
De agora em diante nunca mais.
                                                          
Esta poesia fará parte do livro “Significado”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Oito


Preciso dormir...
Oito horas de sono sem palavras.

A noite foi de oito horas sem sono.
Madrugada... palavras precisam falar.
Sinto agora um descaso profundo.
O dia havia sido raso sem mergulhos.
Preciso ficar cansado de criar.

Outro dia...
Crio... recrio... várias e várias vezes.
Hoje foi fértil, fácil e exagerado.
Tenho então oito horas de sono sem palavras.
Esse sono não é vazio... é habitado.
Não importa se são sonhos ou pesadelos.
O pesado é suportar o nada.

Nas outras dezesseis horas...
Preciso sonhar que estou sonhando.
Camadas e camadas de palavras.
Formam a cama e o chão de fato.
Para que o descanso e ação possam existir.

Essa poesia fará parte do livro “Rosa dos Tempos”.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Diagnóstico

Se Freud explicasse menos e rimasse mais...
Talvez tivesse realmente salvado...
O ser teórico-mecânico-humano-depressivo.
Não julgo Jung ou Freud.

Eu sofro sor­­rindo do distúrbio artístico-compulsivo.
Compartilho loucuras imaginárias diariamente.
Psicopoetia... disparo palavras sem ferir ninguém.

Síndrome da admiração-perseguição.
Leitores terroristas... vejo-os por toda parte.
Sua subjetividade explode a idéia inicial.
Esses fragmentos não ferem... agradeço por isso.

Sei que existem outros...
Sufocados... sem o ar da imaginação.
Através da fuga se afogam em destruição.

Eu tenho as armas não fatais.
Irradia... construção em massa.

Esse texto fará parte do livro “Tentei me explicar”


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Promoção


É usado.
Realizei agradeci... não posso jogar fora.
Não sou vendedor, mas preciso vender.

Quer comprar um sonho?

É multiuso, reciclável e rejuvenescedor.
É o retorno da estrada do fim.
É...
É o que você quiser que seja.

Um dia sonhei em ser um maluco normal.
Viver um cotidiano mágico e simples.
Fazer do caos uma monotonia apaixonante.

Não precisa pagar basta pegar.
Você se interessa?

Esta poesia fará parte do livro “Tentei me explicar”