segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ex-poeta

Acabou a equipe... foram embora...
A musa... a magia... a alegria.

Versos por hora... versos por minuto... versos por milagre.
Aproveitei e me despedi da última poesia.
Fui demitido pelo branco e pelo silêncio.

Na rua da paciência me resta apenas esperar.
Na hora que a palavra passar eu embarco.

Peço carona...
Estendida a folha vazia não é cartaz.
A carona não vem.

O tempo fechou...
Vai cair uma tempestade.
Imediatamente jogo fora o guarda-chuva.

Sento na calçada.
Faço um barco com a folha vazia.
Em terra seca enxurrada é oportunidade.

Chegou a hora de embarcar.
Na viagem novos sons e imagens.
Deixei de ser um ex-poeta.
Voltei a ser o capitão das belas palavras.

(Essa poesia fará parte do livro “Tentei me explicar”)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tela viva

Que lindo...
O pintor se superou... assim diz ela.
Admiro as pinceladas... as atitudes.
Os traços... o comportamento admiro tanto.

Não se refira a mim como um quadro.
Quero dedos na tela... novos traços na pele.
Algo além da moldura.
Braços teus moldados ao meu redor.

Não me olhe apenas com esses olhos.
Admiração é distancia.

Preciso fundir a tua imagem a minha.
Criar novas cores.
Sem o pigmento amor sou tela branca.

(Essa poesia fará parte do livro “Pintor de palavras”)



terça-feira, 8 de novembro de 2011

1: Verso 12

Claros e alegres... seus olhos são.
Os meus são presas afiadas... observo.
Suas palavras irradiam pureza.
Sou a ex-castidade... amor em corpo e verso.
Ela cita versículos.
Eu sei apenas declamar versos.

Ela citou...
I Coríntios capítulo treze versículo sete.
“... O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta…”.

Eu como sempre declamo a mim mesmo.
Marcelo capítulo um verso final.
“A paixão faz a minha fé gritar por você.”

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Por onde andas?

Longitude e latitude... preciso dos números exatos.
Não tenho números... não tenho um mapa, mas tenho tanta saudade.

O teu endereço o tempo mudou.
Cidades com nomes diferentes... as coincidências não se encontram mais.

Como você está? Casou? Teve filhos? Você é feliz?
São tantas as perguntas buscando uma possibilidade de reencontro.

Eu?
Continuo andando... entre lembranças e conquistas.

Nós... andamos por onde?
Entre as tuas recordações e as lembranças que eu tenho de ti.

Somente isso não é o bastante eu sei.
Apenas continuo... andando e pensando...
Por onde andas?

domingo, 30 de outubro de 2011

Exista!

Estou me guardando.

O dia não guarda... a luz se põe.
A lua não guarda... é cheia quando tem que ser.
O mundo não guarda... ora sol ora lua se expõe.

Estou me guardando.

O sorriso não guarda... dentes exibem-se.
Os lábios não guardam... procuram outros lábios.
O desejo não guarda... entrega-se e queima.

Estou me guardando.

A tempestade não guarda... o que tem que cair cai.
A correnteza não guarda... sobre outras águas eu andei.
A árvore não guarda... a flor sempre se abre.

O presente não se guarda presenteia-se no agora.
O que quer existir não se guarda.

Ela está se guardando.
Por nada... para ninguém.

Não se guarde... simplesmente exista!

Essa poesia fará parte do livro “Rosa dos Tempos”

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quem decidiu?


Por que o dia tem 24 horas?
Meu dia se encerra quando o momento acaba.
Ele não se encerra nunca.

Por que o ano tem 12 meses?
Existem meses com nome de imperador ou de deusa.
Sou apenas um plebeu que foge da mortalidade.
O momento nomeia meu mês, por exemplo...
Tive sorte no dia 11 do mês Inesquecível.
(Embarquei nessa existência.)
Disse adeus no dia 25 do mês Saudade.
(Pai você faz falta... abraços.)

Por que a minha vida tem que ter algumas décadas?
Quem decidiu errou.
É minha a decisão de quando eu vou acabar.
Eu decido que não vou acabar nunca!

Essa poesia fará parte do livro “Rosa dos Tempos”.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

João e Maria

Maria, Aparecida e Julieta.
Nem sempre a história é uma tragédia.
Lábios com veneno...
A maioria dos corações não quer beijá-los.
De vez em quando eles se decepcionam... choram.

Lágrimas... fase nublada... esperança.

Do outro lado nasce um homem simples clamando por amor.
Em outro lugar nasce um poeta implorando por seu amor.
Seu nome pode ser João, José, Romeu ou eu mesmo.
Eles não querem perecer... eles querem amar.
Através dos versos ou apenas com abraços e carinhos.

Este verso fará parte do livro “Significado”.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A verdade

Quando estou sozinho...

Desato a rabiscar...
Não me culpem pelo excesso.
Preciso rimar e encenar histórias.
Posso oscilar entre o poeta e o ator.
Entre o sincero e o semi-mentiroso.

Às vezes ajo em grupo.

Posso ser descobridor de novos mares.
Malabarista de estrelas parceiras.
Promotor de sonhos...
Líder insano... distribuidor de beleza.
Sem deixar de ser mundano e no mínimo quase especial.
Mentiroso e semi-verdadeiro.

Essa é a verdade sobre mim.
Ou pelo menos uma das que eu precisei reinventar.

(Essa poesia fará parte do livro “Tentei me explicar”)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Olhos e almas

O vento tem seu ciclo.
Ora vai ora vem.
Às vezes leva... tempo... amores e algumas rimas.
Ora vêm... e trás tudo outra vez.

Quando quase me esquecer de tuas palavras...
O pó delas serão sementes.

...do pó ao verso...

Assim são as palavras da alma... não são vãs.
De uma maneira ou outra serão eternas.

Morte material... peço perdão.
Não transformarei o último suspiro em verso.
Fico devendo apenas este.

Para os meus que foram escritos e lidos...
Do pó ao verso retornarão.

Para as pessoas lidas e sentidas por mim prometo...
Meus olhos perpetuarão suas almas.

sábado, 17 de setembro de 2011

De outra forma.

Estado gasoso... talvez.

O fogo abraça poesias escritas pensando em ti.
Incineradas viajam ansiosas...
O aroma dos meus sentimentos...
Respire.

Liquido se ele fosse... porque não?

Despejaria algumas gotas diluídas em rimas.
No litoral de algum mar... na margem de algum rio...
Você poderia beber e se satisfazer de amor.

Sólido... agora sim.

Seus movimentos são pedras...
Colidem entre um pulsar e outro.
Sonoro... pode ser assim...
Entre um silêncio e outro virá um sussurro...
Ouça.

Nem que seja de outra forma...
Os corações precisam se encontrar.

Esta poesia fará parte do livro “Significado”.