Duas rodas

Quero andar de bicicleta...

Assim chego mais rápido perto de você.

Depois recupero o fôlego nos seus braços.

Quero andar de bicicleta...

Devagar e ao seu lado.

Se furar o pneu seu ar me preenche.

Quero andar de bicicleta...

Pelos caminhos bons que você passou.

Pelas ruas bonitas que ainda não existem.

Dias e braços

Dia nublado...

Chove abraços... não faz frio.

Abraço apertado... calor alto.

A tarde era morna e comum.

Noite... casulo de braços.

Asas para o fazer amor.

24 de dezembro

A expectativa do reencontro.

A mesa farta contra a mesa que falta.

Senti falta de compartilhar em tantos dias.

Bate o sino pequenino... bate a saudade grande.

Belém... sinos... estou longe... polo sorte.

Aqui a sina é outra bem além disso.

Lembranças... papai ao léu no paraíso.

Infância adulta... carinhos de brinquedo.

Abro a janela... a árvore esta linda.

Sem enfeites sem mentiras.

Na véspera do fatal... abri.

Verdades presentes e ilusões desfeitas.

A cobaia M1

Dia um... quarta feira.

A cobaia comportou-se como esperado.

Reação previsível diante da declaração artificial.

 

Sexta-feira... dia três.

M1 tocou os lábios da observadora.

A ação não produziu resultado mútuo.

 

Dia quatro... sábado.

O abraço da cobaia M1... revelação.

A observadora não sente o toque do desejo.

 

Domingo... dia adeus.

Você não é da espécie homo não sapiens.

Cobaia rejeitada... experiência concluída.

 

A pesquisa responde perguntas.

A pesquisa destrói sonhos.

A cobaia M1 era eu.

Frente e verso

Cuidado com as perguntas...

Respostas fantasmas assombram.

Invocação de cinzas...

Abre-se o portal entre as fases.

Passado invadindo o presente.

Excesso de transparência cega.

Não confunda a frente da página com o verso.

Onde vamos escrever o novo?

Confusão de ontem com hoje.

Confusão de nada com hoje.

Confusão!

Música de fundo

Dias atrás...

Esperava o natal, as férias e passear de mãos dadas.

Dias atuais...

Ao som de uma tristeza branda não sinto vontade de cantar.

Dias atrás...

Esperava ela, a música e a poesia dos momentos.

Atrás dos dias... sonhos e desejos existiram.

Não consigo desligar a música nos dias atuais

(Esta poesia estará no livro “O som dos sinais”.).

Existe sim

O amanha existe porque...

Hoje o mar estava muito agitado.

E eu não consegui andar sobre ele em paz.

Quero ver um por do sol mais bonito.

Hoje choveu... escrevo sobre o amanha azul.

O amanha existe...

A família precisa se encontrar.

Um perdão irá abraçar o outro.

Tenho que ver aquela criança voar livre.

Atualmente ela engatinha com graça.

O amanha...

Preciso aprender o tempo do amor.

Exagero... rimo... as vezes acerto.

Não terminei de desenhar minha alma.

O paraíso só pode vir depois de amanha.

Ex-vampiro

O pescoço ou o pulso?

Não posso sugar mais... a poesia secou.

Quero sentir a luz dos olhos dela.

Mas não posso sem queimar de desejo.

Posso seduzir a sua mente.

Espero o convite para entrar no seu abraço.

Não vou te transformar.

Preciso ser transformado... humanizado.

Meu coração não bate... apelo... desespero.

Continuo pelo tempo... imoral... ser sub-natural.

Os lábios bentos... estaca banhada no amor.

Quero ser caçado... casado... imortalizado.